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quarta-feira, 13 de abril de 2011

VIPs, o filme.

E se você percebesse que tem um talento natural para assimilar trejeitos de outras pessoas? E se com isso você pudesse dar asas, literalmente, aos seus sonhos desde criança? E se, para isso, você violasse várias leis brasileiras? Ah... agora o negócio complica...

"Desde pequeno, Marcelo Nascimento da Rocha tem muita dificuldade de viver com sua identidade. Seu maior prazer é imitar as pessoas e se passar pelos outros. Alimentando o sonho de aprender a voar e tornar-se piloto como o pai, Marcelo foge da casa da mãe e começa a maior aventura de sua vida, cada vez se passando por uma pessoa diferente. Até dar o maior golpe de sua vida: fazer-se passar pelo empresário Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol, em uma grande festa no Recife." Essa é a sinopse do filme VIPs, de acordo com o próprio blog da produção.

Mas o filme é muito mais que isso. Para começo de conversa, é um alívio ver uma história original, com o frescor de uma produção ágil, leve e despretensiosa; com uma narrativa que te conquista à medida em que te traz a ilusão confrontrando a realidade - alguns pontos para a primeira, outros para a segunda.
E sem crise moral nenhuma, posso dizer que o tempo todo eu torci pelo Marcelo! Talvez se tivesse lido o livro da Mariana Caltabiano, que serviu de base para o roteiro, pudesse me aprofundar na história de Marcelo Nascimento da Rocha e questionar algumas de suas atitudes ou até mesmo o seu provável problema psiquiátrico. Mas como não li, me rendi completamente à atuação de Wagner Moura e me deliciei com cada golpe, cada loucura, cada fuga sua.


Aliás, o que é o Wagner Moura? Nossa, como dá gosto vê-lo se divertindo em cena... Porque é sempre essa a impressão que tenho: de alguém que está adorando cada frame do que faz. Seja de Capitão Nascimento, seja nas parcerias com Lázaro Ramos, seja como Marcelo em VIPs, ele não se repete e sempre traz algo de novo a cada personagem. Nesse caso, ele passa de jovem com dificuldades de encarar a realidade, à piloto do tráfico em "missões kamikaze" e à filho do dono da GOL; alternando perfeitamente os momentos de excitação, reflexão, culpa e insanidade.
VIPs é um filme que suscita muitas discussões... psiquiátricas, da cultura de adoração de celebridades, do sistema legislativo e judiciário nacional, dos limites entre a responsabilidade da educação familiar e o livre arbítrio, da busca desenfreada pela fama e da dificuldade de um jovem se posicionar no meio de tudo isso. Mas, essencialmente, VIPs é um filme que te diverte ao fazer refletir sobre tudo isso. Mérito da direção de Toniko Melo e dos roteiristas Bráulio Mantovani e Thiago Dottori.
Altamente recomendável, esse não é um filme perfeito, mas salvou o meu dia do tédio total. Certamente o assistirei de novo.
Deixo vocês com o trailer de VIPs e a idéia de uma campanha para juntar Selton Mello e Wagner Moura, um bom jovem diretor e um roteiro muito doido. Aí sim, aumentam as probalidades DO filme perfeito.


E só de pensar que o Aumary Jr. foi enrolado categoricamente
já me dá vontade de rir!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Realengo, onde os repórteres não tem vez.

São 11:42... Há uma hora e meia soube dos acontecidos em Realengo, bairro da zona Oeste do Rio de Janeiro. Desde então estou acompanhando os fatos alternando os canais numa tentativa de obter informações diversas. Contudo, a ignorância parece reinar na TV brasileira. É claro que sei que não se pode esperar uma cobertura adequada no calor dos acontecimentos, mas não aceito também que se fale qualquer coisa só para ocupar espaço.
Nunca pensei que diria isso, mas nessas horas acho que preferiria ouvir o Datena e o Mister Escraaaaaacha. Porque estes, embora sensacionalistas, ao menos parecem ter certo conhecimento de áreas "problemáticas" nas principais capitais brasileiras. E estariam bradando por segurança ao invés de repetirem que isso é um caso isolado.
"Uma única ação isolada não move a necessidade de instalar um novo sistema de segurança que mobilize todas as escolas." Disse o, até então muito sábio, Rodrigo Pimentel. UM ÚNICO CASO ISOLADO??? Em que planeta esses repórteres e comentaristas vivem? Certamente no planeta Manoel Carlos... com suas novelas no Leblon, levando seus filhos para o Santo Inácio, São Bento ou Escola Anglo Americana!
Quem destes já desceu do pedestal e descobriu que além do seu umbigo existe pobreza, fome, loucura e uma infinidade de problemas que não dizem respeito a qual sapato combina com meu Dior ou minha maquiagem está boa; poderia apontar rápido alguns casos de atos de violência dentro de escolas do Rio de Janeiro. Seja contra alunos, seja contra funcionários. Seja dentro da escola, seja vindo de fora dela.
O fato é que alunos e funcionários não estão de forma alguma seguros dentro das escolas do Rio e, creio eu, de nenhum lugar do nosso país.
"Há um sistema de detecção para saber quem entra armado nas escolas?" Eu ouvi isso??? É risível! Será ingenuidade ou falta do que falar? Não há sistema nem para saber quem entra e quem sai de uma escola! Se você se apresenta com educação e fala qualquer coisa, você pode entrar. Se você entra bêbado empurrando todo mundo, você pode entrar. Se você entra escondido, só vão saber se te virem passeando dentro da escola.
Não há ninguém treinado ou cargo específico. Os porteiros nunca passaram por um curso e, diante da falta de funcionários, muitas vezes são realocados para outras funções. Os portões ficam entregues. Entra e/ou sai, quem quiser!
E aqueles que trabalham em uma escola só contam consigo mesmo e sua fé para conseguir sobreviver dia após dia. Viciados, criminosos, bêbados, psicóticos, passam todos os dias por todas as escolas. Mas somente os repórteres não sabem disso. Por quê??? Porque ninguém nunca ouve os professores, porque todos acham que eles só sabem reclamar de barriga e bolsos cheios. Porque a excelentíssima Secretária de Educação está em Washington. Porque o SEPE só aparece na época da Database. Porque os próprios professores não se mobilizam, não se revoltam, não se unem!
Mas e agora, que crianças inocentes foram mortas? Será que agora vão dar atenção aos nossos medos e anseios? Será que agora vão ouvir funcionários e professores que já se sentiram ameaçados e coagidos? E aqueles que já foram agredidos física ou verbalmente? Que tiveram que lidar com esses maníacos em potencial, armados ou não? Será? Eu, particularmente, não acredito. Não sou pessimista, mas essa NÃO é a primeira vez, como insistem os repórteres. Não é! Alunos entram armados em escolas! Um aluno já deu um tiro em uma escola na Urca. Na Urca!!! Bairro nobre da Zona Sul. Vocês conseguem imaginar o que ocorre na Zona Oeste? Na Baixada Fluminense? Eu consigo...
Esse não é um crime “americano” como querem nos vender. Não acreditem nisso!!! Chacinas são nossas, sim! Basta abrir o jornal e ler quantos são exterminados só no nosso estado!!! Não preciso nem me voltar ao passado e citar casos notórios como Candelária...
Parabéns, Secretária de Educação que está em Washington, eles precisam mais da senhora aí. Continue ouvindo professores e funcionários das escolas. Parabéns à TV, porque vocês conseguem tornar a tragédia maior ao não darem o devido tratamento, ao transformarem isso em um espetáculo e ao não mobilizarem ninguém no sentido de mudança, mas apenas fazerem os crédulos aceitarem o "caso isolado".
Vergonha desse país, vergonha dessa cidade, medo das pessoas que se escondem no seu mundinho e nem se esforçam para saber o que se passa ao seu redor. Sinto revolta e me sinto derrotada. Porque tudo continuará como sempre... mais uma vez, na Cidade Maravilhosa.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que Lola quer, Lola consegue

Você viu Moulin Rouge? Esqueça!
Gostou de Cisne Negro? Brincadeira de criança...
Agora a conversa é séria.
Você está diante de Lola Montès e ela só faz o que quer.


 De tempos em tempos somos confrontados com verdadeiras forças da natureza. Pessoas que não seguem regras, divertem-se, na verdade, em ignorá-las; que fazem o que lhe vem a cabeça; que dizem o que sentem e pensam; que quebram tabus; e, consequentemente, semeiam amor e ódio; admiração e repulsa por onde passam.
Há uma semana tomei conhecimento dessa mulher, nascida Eliza Rosanna Gilbert, em alguma data entre 23 de junho de 1818 e 17 de fevereiro de 1821. Mais conhecida pelo seu nome artístico, Lola Montès, era irlandesa, mas se apresentava como dançarina exótica espanhola. Conseguiu encantar homens influentes na aristocracia e no meio artístico europeu. E protagonizou escândalos notórios em sua época. Obviamente, ela é mais lembrada por isso e não por sua dança.
 Eu, que particularmente, sempre admirei pessoas como Lola, talvez por não lidar bem com normas e convenções impostas por sistemas e autoridades caducas ou, simplesmente, porque é divertido. Gostaria que ela fosse lembrada por sua personalidade apaixonante, completamente impulsiva e hipnótica. 

Amelia Mary Earhart, Marie Curie, Leila Diniz, Elis Regina, Lola Montès... artes, ciência, política, costumes... Será que alguma delas teve consciência do seu papel para ajudar a quebrar padrões? Elas foram mulheres, como qualquer outra mulher, com seus problemas e inseguranças. Entretanto, definitivamente, não eram mulheres comuns! Foram capazes de atrair os olhares de todos, vencer preconceitos, jogar na cara de quem quisesse (e quem não quisesse também!) suas opiniões e seu modo de vida. Despertaram paixões, no sentido original da palavra. 

Nesse ponto, não sei se estou mais encantada com o filme ou com a própria Lola. Provavelmente os dois...

Sobre a película de Max Ophüls, posso afirmar que é um deleite sensorial. As cores, os sons, a fotografia quase palpável, a câmera que te faz praticamete um voyer de Lola em sua trajetória e a restauração inacreditável que foi feita no filme, são enlouquecedores.
A história passa rapidamente pela infância de Lola, concentrando-se no período que vai de seu casamento até a abdicação de Ludwig I da Bavária, o mais poderoso de seus amantes, que a tornou Condessa de Landsfeld. Mas o que me ganhou, logo de cara, foi a opção narrativa do diretor. Ele escolhe mostrar a vida de Lola Montès por meio de um show circense. Não como os de hoje em dia, mas mais parecido com os teatros de variedades do século XIX. Com o que tinham de mais bonito e mais bizarro. Nada diferente da própria protagonista.
Assim, alternam-se o circo, com flashes da vida da dançarina. Muita coisa real, um pouco de ficção... E, o mais interessante, os momentos de maior angústia e sofrimento são sentidos no circo, no ambiente "ficcional", quando Lola aparece exposta, ao sabor da platéia, doente, persistente, frágil, resignada, adorável...
Considero acertadíssima também, a opção de não chafurdar na decadência da mulher por trás da artista, nem em explorar seus últimos dias; deixando-nos a imagem de quem, num mundo masculino, conseguiu sobreviver por si, muito tempo sem marido, sendo dançarina exótica e escolhendo seus amantes. Como bem dito no filme "ela fazia tudo aquilo que qualquer mulher gostaria de fazer e não tinha coragem". E foi isso o que Ophüls conseguiu gravar para sempre de forma magistral.

Por fim, o que me deixou mais estarrecida foi ler, na introdução do filme, que este foi um estrondoso desastre de bilheteria e que, depois de tanto tempo, foi redescoberto e devolvido aos amantes das artes:


"Lançado em Paris em 23 de dezembro de 1955, 'Lola Montès', de Max Ophüls,  causou um escândalo sem precedente. Diante do fracasso comercial do filme, os produtores cortaram cenas, traduziram para o francês parte dos diálogos em alemão e remixaram o som. No final de 1956, contra a vontade de Ophüls, o filme sofreu novos cortes, sendo remontado cronologicamente.
Em 1968, o produtor Pierre Braunberger  comprou os direitos do filme e lançou uma versão próxima da original. Em 2008, graças à tecnologia digital, a Cinemateca Francesa pôde lançar  uma versão totalmente restaurada, fiel às intenções de Ophüls, com as cores, o som e o formato idealizados originalmente.''


É de escorrer uma lágrima ler isso. Imaginar que poderiam ter dilacerado, remontado e desrespeitado o diretor dessa forma. Mas os deuses do cinema deram uma resposta à altura, com essa versão belíssima da Cinemateca Francesa.
Para ver o filme, clique aqui.

domingo, 3 de abril de 2011

Amigos e brinquedos legais

Junte seus amigos, pegue os brinquedos mais legais, adicione o hit escandaloso do momento e se divirta!
Se eu fosse a Ke$ha, usaria esse vídeo como clip oficial...



Espero que meus amigos tenham entendido a mensagem...
Só para confirmar:
TAMBÉM QUERO FAZER UM VÍDEO ASSIM!