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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os Crimes de Snowtown

Diário do Festival / Rio, 2011


"Os Crimes de Snowtown", (apenas Snowtown, no original), de 2010, é o primeiro longa do australiano Justin Kurzel e já consegue fazer bastante barulho.
O filme é baseado na história de John Bunting, que é considerado o serial killer mais violento da Austrália - o que deve significar MUITO!
Esse longa faz parte da mostra expectativa. Bem, no meu caso, a expectativa foi de não deixar o filme antes do fim...
Não, não é um filme tão ruim a ponto de correr do cinema, mas é o que podemos chamar de "feel bad movie". Esse foi o primeiro filme do dia, na hora do almoço, e já conseguiu destruir com tudo. Por isso, cá estou eu, com uma Roter APA para tentar superar isso e levar até o fim as outras duas sessões.
Os aspectos técnicos desse filme não se destacam propriamente. A edição por vezes é confusa. Mas é um filme direto, cru e se sustenta na reação que provoca na platéia. No meu caso, o incômodo foi constante. É realmente difícil ficar indiferente ao desfile de tipos assustadores e situações pavarosoas que o diretor expõe. E, o pior, não se trata de ficção!
Quanto aos atores, ou estes foram selecionados no manicômio mais próximo ou, sinceramente, são excepcionais. Não há outra explicação.
Durante a exibição, várias pessoas sucumbiram ao horror e, dessa vez, não as culpei, pois mesmo eu tive vontade de fazer o mesmo por umas três vezes. Mas, como sou ruim, fiquei até o fim. E, até agora, não sei dizer se esse filme é brilhante ou só uma boa história contada de maneira incisiva. Entretanto, só essa dúvida e o incômodo provocado devem servir para que ele seja bom.
De uma coisa tenho certeza, esse é um daqueles filmes que você não precisa MESMO ver mais do que uma vez.

Olha como pareço com o Heath Ledger!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

No Limite

Diário do Festival / Rio, 2011.


O mais fraco dos filmes que assisti até agora nesse festival. "No Limite" (Kray/The Edge) é uma produção russa, de 2010. Dirigido por Aleksei Uchitel, o filme se localiza no pós Segunda Guerra Mundial, numa Rússia que passa por sérias dificuldades e sob o comando de Stálin. É para esse cenário, em Kray, interior da Sibéria (brrrrrrrrr), que o condecorado herói de guerra Ignat é enviado pelo governo para coordenar o trabalho local. Mas sua paixão por locomotivas e as fortes dores de cabeça que sente por causa de um ferimento conseguido na guerra, vão movimentar a estabilidade de Kray.

E, se estamos falando da Sibéria, isso só pode ser um campo destinado aos traidores da grande Rússia (!)
Nesse lugarejo, os trabalhadores se esforçam para alimentar de carvão a locomotiva que atravessa a floresta boreal. Nesse meio tempo, eles bebem (muito!), criam laços e vivem numa sociedade independente, pois embora sejam presos políticos, a própria geografia se encarrega de evitar fugas, deixando-os "livres" para fazer o que quiserem em boa parte do tempo.
Por ser uma cópia com qualidade CAM, a imagem não ajudava muito. Mas, independente disso, o filme não agradou muito. As atuações são boas, especialmente do elenco feminino, contudo roteiro e direção são fracos. O que salvou o filme do tédio total foram os trens. Antigos e bonitos.


Os cartazes do filme são bem mais legais que o prórpio filme.
Propaganda enganosa!

"Tabloid"

Diário do Festival / Rio, 2011

Ganhador do Oscar de melhor documentário, por "A Névoa da Guerra" (The Fog of War), de 2003 e listado entre os 40 maiores diretores do mundo pelo jornal The Guardian, Errol Morris é responsável por parte do sucesso de "Tabloid". A outra parte cabe à Joyce McKinney.

McKinney, miss Wyoming, protagonizou, em meados dos anos 70, uma das histórias de amor mais insólita e engraçada (para o meu tipo de humor!) da qual já tive notícia. Em resumo: ela se apaixona por um jovem mórmon e, acreditando que por força da religião e de pessoas próximas ele tivesse sido forçado a deixá-la, passa a buscar um meio de ficarem novamente juntos. Daí pra frente, os fatos são tão surpreendentes e originais, que isso só pode ser a vida real!
Joyce rapta Kirk Anderson, o tal mórmon sem um pingo de graça, na Inglaterra, para onde ele tinha ido como missionário e o mantém preso, com "diversão, comida e sexo" - em suas palavras.
Em qualquer universo haveria filas para ser sequestrado por essa mulher!
Ai, como sou sexy...


Mas o esperto do Kirk disse que foi sequestrado e ESTUPRADO! Sim, ele foi obrigado a fazer sexo com a dona mais de sete vezes! Coitadinho...


"Tudo por culpa dos mórmons"

Ela foi presa, liberada, deixou a Inglaterra se fingindo surda e muda e virou febre na mídia, com todos querendo ter um pouco de sua história. E, acreditem, há muito mais ao longo do documentário! E o assunto não se esgota no sequestro de Kirk.
Contudo, por mais que essa história seja inusitada e ela o é, o filme não seria tão bom se Joyce não fosse...ela. A ex-miss é tão sedutora que com apenas cinco minutos de filme ela já tinha me ganhado e poderia falar qualquer bobagem que eu ia rir e concordar com a cabeça. Mas, além de cativante, ela é inteligentíssima e engraçada. É impossível não simpatizar, se não com sua causa, pelo menos com sua pessoa. Para quem conseguir ver além do esteriótipo de solteirona excêntrica, vai enxergar em Joyce uma mulher memorável, doce e divertida, infelizmente, ainda presa à história bizarra do rapto e estupro do mórmom.
A edição de Errol Morris é inteligente e ágil. Ao longo do filme ele não te permite ficar por muito tempo na zona de conforto. E tanto Joyce, quanto sua “aventura” é mostrada de vários ângulos, dando-nos perpectivas distintas de uma mesma ocorrência. Em nenhum momento há espaço para tédio e você convive com vários sentimentos conforme os depoimentos se sucedem.
E é impressionante como o diretor consegue ao mesmo tempo ser respeitoso com a sua “protagonista” e imparcial ao apresentar os vários envolvidos e interpretações para o que ficou conhecido como “Mormon sex in chains case”. No fim de tudo, não importa qual é a verdadeira história, se é que há uma. Nas palavras do próprio Morris, o documentário “é doentio, triste e engraçado, mas, no fim, é bem maior que isso. É uma meditação sobre como somos influenciados pela mídia, e muito mais intensamente, por nós mesmos”. E, segundo Joyce McKinney, ela estava apenas fazendo o que qualquer mulher apaixonada faria: indo em busca de seu amor. E não é que temos uma história de amor? Pelo menos para um dos lados...


É verdade que depois que os mormons morrem eles viram deuses e
voam para o seu próprio planeta?