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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os Crimes de Snowtown

Diário do Festival / Rio, 2011


"Os Crimes de Snowtown", (apenas Snowtown, no original), de 2010, é o primeiro longa do australiano Justin Kurzel e já consegue fazer bastante barulho.
O filme é baseado na história de John Bunting, que é considerado o serial killer mais violento da Austrália - o que deve significar MUITO!
Esse longa faz parte da mostra expectativa. Bem, no meu caso, a expectativa foi de não deixar o filme antes do fim...
Não, não é um filme tão ruim a ponto de correr do cinema, mas é o que podemos chamar de "feel bad movie". Esse foi o primeiro filme do dia, na hora do almoço, e já conseguiu destruir com tudo. Por isso, cá estou eu, com uma Roter APA para tentar superar isso e levar até o fim as outras duas sessões.
Os aspectos técnicos desse filme não se destacam propriamente. A edição por vezes é confusa. Mas é um filme direto, cru e se sustenta na reação que provoca na platéia. No meu caso, o incômodo foi constante. É realmente difícil ficar indiferente ao desfile de tipos assustadores e situações pavarosoas que o diretor expõe. E, o pior, não se trata de ficção!
Quanto aos atores, ou estes foram selecionados no manicômio mais próximo ou, sinceramente, são excepcionais. Não há outra explicação.
Durante a exibição, várias pessoas sucumbiram ao horror e, dessa vez, não as culpei, pois mesmo eu tive vontade de fazer o mesmo por umas três vezes. Mas, como sou ruim, fiquei até o fim. E, até agora, não sei dizer se esse filme é brilhante ou só uma boa história contada de maneira incisiva. Entretanto, só essa dúvida e o incômodo provocado devem servir para que ele seja bom.
De uma coisa tenho certeza, esse é um daqueles filmes que você não precisa MESMO ver mais do que uma vez.

Olha como pareço com o Heath Ledger!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

No Limite

Diário do Festival / Rio, 2011.


O mais fraco dos filmes que assisti até agora nesse festival. "No Limite" (Kray/The Edge) é uma produção russa, de 2010. Dirigido por Aleksei Uchitel, o filme se localiza no pós Segunda Guerra Mundial, numa Rússia que passa por sérias dificuldades e sob o comando de Stálin. É para esse cenário, em Kray, interior da Sibéria (brrrrrrrrr), que o condecorado herói de guerra Ignat é enviado pelo governo para coordenar o trabalho local. Mas sua paixão por locomotivas e as fortes dores de cabeça que sente por causa de um ferimento conseguido na guerra, vão movimentar a estabilidade de Kray.

E, se estamos falando da Sibéria, isso só pode ser um campo destinado aos traidores da grande Rússia (!)
Nesse lugarejo, os trabalhadores se esforçam para alimentar de carvão a locomotiva que atravessa a floresta boreal. Nesse meio tempo, eles bebem (muito!), criam laços e vivem numa sociedade independente, pois embora sejam presos políticos, a própria geografia se encarrega de evitar fugas, deixando-os "livres" para fazer o que quiserem em boa parte do tempo.
Por ser uma cópia com qualidade CAM, a imagem não ajudava muito. Mas, independente disso, o filme não agradou muito. As atuações são boas, especialmente do elenco feminino, contudo roteiro e direção são fracos. O que salvou o filme do tédio total foram os trens. Antigos e bonitos.


Os cartazes do filme são bem mais legais que o prórpio filme.
Propaganda enganosa!

"Tabloid"

Diário do Festival / Rio, 2011

Ganhador do Oscar de melhor documentário, por "A Névoa da Guerra" (The Fog of War), de 2003 e listado entre os 40 maiores diretores do mundo pelo jornal The Guardian, Errol Morris é responsável por parte do sucesso de "Tabloid". A outra parte cabe à Joyce McKinney.

McKinney, miss Wyoming, protagonizou, em meados dos anos 70, uma das histórias de amor mais insólita e engraçada (para o meu tipo de humor!) da qual já tive notícia. Em resumo: ela se apaixona por um jovem mórmon e, acreditando que por força da religião e de pessoas próximas ele tivesse sido forçado a deixá-la, passa a buscar um meio de ficarem novamente juntos. Daí pra frente, os fatos são tão surpreendentes e originais, que isso só pode ser a vida real!
Joyce rapta Kirk Anderson, o tal mórmon sem um pingo de graça, na Inglaterra, para onde ele tinha ido como missionário e o mantém preso, com "diversão, comida e sexo" - em suas palavras.
Em qualquer universo haveria filas para ser sequestrado por essa mulher!
Ai, como sou sexy...


Mas o esperto do Kirk disse que foi sequestrado e ESTUPRADO! Sim, ele foi obrigado a fazer sexo com a dona mais de sete vezes! Coitadinho...


"Tudo por culpa dos mórmons"

Ela foi presa, liberada, deixou a Inglaterra se fingindo surda e muda e virou febre na mídia, com todos querendo ter um pouco de sua história. E, acreditem, há muito mais ao longo do documentário! E o assunto não se esgota no sequestro de Kirk.
Contudo, por mais que essa história seja inusitada e ela o é, o filme não seria tão bom se Joyce não fosse...ela. A ex-miss é tão sedutora que com apenas cinco minutos de filme ela já tinha me ganhado e poderia falar qualquer bobagem que eu ia rir e concordar com a cabeça. Mas, além de cativante, ela é inteligentíssima e engraçada. É impossível não simpatizar, se não com sua causa, pelo menos com sua pessoa. Para quem conseguir ver além do esteriótipo de solteirona excêntrica, vai enxergar em Joyce uma mulher memorável, doce e divertida, infelizmente, ainda presa à história bizarra do rapto e estupro do mórmom.
A edição de Errol Morris é inteligente e ágil. Ao longo do filme ele não te permite ficar por muito tempo na zona de conforto. E tanto Joyce, quanto sua “aventura” é mostrada de vários ângulos, dando-nos perpectivas distintas de uma mesma ocorrência. Em nenhum momento há espaço para tédio e você convive com vários sentimentos conforme os depoimentos se sucedem.
E é impressionante como o diretor consegue ao mesmo tempo ser respeitoso com a sua “protagonista” e imparcial ao apresentar os vários envolvidos e interpretações para o que ficou conhecido como “Mormon sex in chains case”. No fim de tudo, não importa qual é a verdadeira história, se é que há uma. Nas palavras do próprio Morris, o documentário “é doentio, triste e engraçado, mas, no fim, é bem maior que isso. É uma meditação sobre como somos influenciados pela mídia, e muito mais intensamente, por nós mesmos”. E, segundo Joyce McKinney, ela estava apenas fazendo o que qualquer mulher apaixonada faria: indo em busca de seu amor. E não é que temos uma história de amor? Pelo menos para um dos lados...


É verdade que depois que os mormons morrem eles viram deuses e
voam para o seu próprio planeta?

domingo, 8 de maio de 2011

Não confie em ninguém


Que venha o longo inverno!

Em colaboração com @oyuritwita do blog The Best of Week
 



Estréia hoje, às 21h, na HBO a série Game of Thrones, que se baseia na série de livros do “As crônicas de Gelo e Fogo”, do autor norte americano George R. R. Martin. E, seguindo a tendência da maioria das emissoras, a HBO não perdeu tempo entre o lançamento americano e nos demais países, pois atualmente, no dia seguinte a exibição de um programa, já encontramos na rede várias opções de download grátis dos mesmos. Sendo assim, menos de um mês nos separa do lançamento americano.
Mas, para quem já conhecia os livros nos quais se baseiam a série televisiva ou mesmo para os que andam a procura de novidades, a espera de algumas semanas é muito longa!
Por isso, com os três primeiros espisódios assistidos, já se pode ter uma visão geral do que pode vir a ser essa série, com impressões desses episódios. Para quem não quer ter as surpresas estragadas, volte depois de assisti-los. Quem não se importa com pequenos spoilers, fique a vontade para seguir adiante.

A série vem com o selo de qualidade HBO, que depois de Roma e Boardwalk Empire, parece ter alcançado um alto nível nas suas produções históricas. E, mesmo que Game of Thrones seja ficção, tem um ar medieval que exige bastante esmero de sua produção para dar vida a tantos detalhes e caracterizar os vários clãs presentes na trama. Neste ponto, devemos destacar que não há nada que a HBO deixe devendo às melhores produções hollywoodianas.
A fotografia é cuidadosa e delimita os espaços e famílias com tons bem definidos. O extremo Norte, onde se encontra A Muralha é marcado pelo branco da neve e o preto do interior das construções. As terras da família Stark são mais cinzentas e com tons fechados de vinho, verde e azul. Os Lannisters com sua beleza e exuberância (exceto o Duende) tem uma iluminação meio etérea, que ressalta características de realeza e poder. Os Targaryen que exilados e longe de seu reino e antigo poder, assimilam as características de onde estão. E, por fim, os tons de marrom e palha, que não são monótonos, mas ricos em sutilezas para o grupo de "bárbaros" liderados pelo Khal Drogo.
O elenco é outro ponto forte da série. Bons atores, alguns mais conhecidos, como Sean Bean (sempre destaque nesse tipo de produção), Peter Dinklage e Joseph Mawle; circulam entre jovens atores promissores, especialmente Kit Harington (John Snow), Maisie Williams (Arya Stark) e Harry Loyd (Viserys Targaryen). Até então todos excelentes, despertando ódios e amores em quem acompanha a série.
Como ainda não li os livros, que estão olhando pra mim nesse momento, não posso saber o rumo dos personagens, mas se tem uma coisa que a série está fazendo muito bem é administrar os sentimentos dos espectadores. Já no primeiro episódio, nos são apresentadas as principais famílias dos Sete Reinos de Westeros e a partir daí quem assiste já está criando mentalmente sua lista de quem não confiar, de quem vai trair quem, de quem vai gostar...
E aqui vai um aviso: não se desespere por não conseguir reconhecer todos pelo nome. São muitos personagens e com o tempo você vai conseguir fazer isso. Então relaxe e aproveite.
Felizmente, a trama não é maniqueísta, ao que parece não temos os bons de um lado e vilões de outro. Em Westeros cada um defende seus interesses como consegue. Alguns aparentemente usam meios mais justos e diplomáticos, outros não se incomodam em trair, ameaçar e usar de sua força e influência. Mas até aí, de um capítulo para outro, somos surpreendidos com mudanças de alianças e atitudes. O que não é feito de modo forçado, para criar clima e gerar reviravoltas, mas sim porque a vida é assim mesmo, ainda mais num mundo fictício que enfrenta um momento político de fragilidade e ameaças externas.
Ah... as ameaças externas! Temos um toque fantástico em Game of Thrones, que foi mostrado no primeiro episódio e sugerido nos demais... O Grande Inverno; a Muralha, que não serve para espantar bandoleiros, mas para uma ameaça muito mais terrível. O que é? Ainda não sabemos. Mas as histórias são de dar medo.
Aliás, não há economia de cenas sangrentas e tórridas. Ao que parece direção, produção e emissora resolveram mostrar tudo. E quem ganha somos nós, que somos envoltos nessa trama que, embora fantástica, serve de alegoria para os desejos mais mesquinhos da nossa realidade.
Enfim, Game of Thrones é uma série que merece uma olhada atenta, pelo nível de qualidade técninca e pela trama excepcional. Além disso, indico os livros de origem, que já tem para setembro deste ano a confirmação de lançamento  de seu terceiro volume "A Tormenta de Espadas".

quarta-feira, 13 de abril de 2011

VIPs, o filme.

E se você percebesse que tem um talento natural para assimilar trejeitos de outras pessoas? E se com isso você pudesse dar asas, literalmente, aos seus sonhos desde criança? E se, para isso, você violasse várias leis brasileiras? Ah... agora o negócio complica...

"Desde pequeno, Marcelo Nascimento da Rocha tem muita dificuldade de viver com sua identidade. Seu maior prazer é imitar as pessoas e se passar pelos outros. Alimentando o sonho de aprender a voar e tornar-se piloto como o pai, Marcelo foge da casa da mãe e começa a maior aventura de sua vida, cada vez se passando por uma pessoa diferente. Até dar o maior golpe de sua vida: fazer-se passar pelo empresário Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol, em uma grande festa no Recife." Essa é a sinopse do filme VIPs, de acordo com o próprio blog da produção.

Mas o filme é muito mais que isso. Para começo de conversa, é um alívio ver uma história original, com o frescor de uma produção ágil, leve e despretensiosa; com uma narrativa que te conquista à medida em que te traz a ilusão confrontrando a realidade - alguns pontos para a primeira, outros para a segunda.
E sem crise moral nenhuma, posso dizer que o tempo todo eu torci pelo Marcelo! Talvez se tivesse lido o livro da Mariana Caltabiano, que serviu de base para o roteiro, pudesse me aprofundar na história de Marcelo Nascimento da Rocha e questionar algumas de suas atitudes ou até mesmo o seu provável problema psiquiátrico. Mas como não li, me rendi completamente à atuação de Wagner Moura e me deliciei com cada golpe, cada loucura, cada fuga sua.


Aliás, o que é o Wagner Moura? Nossa, como dá gosto vê-lo se divertindo em cena... Porque é sempre essa a impressão que tenho: de alguém que está adorando cada frame do que faz. Seja de Capitão Nascimento, seja nas parcerias com Lázaro Ramos, seja como Marcelo em VIPs, ele não se repete e sempre traz algo de novo a cada personagem. Nesse caso, ele passa de jovem com dificuldades de encarar a realidade, à piloto do tráfico em "missões kamikaze" e à filho do dono da GOL; alternando perfeitamente os momentos de excitação, reflexão, culpa e insanidade.
VIPs é um filme que suscita muitas discussões... psiquiátricas, da cultura de adoração de celebridades, do sistema legislativo e judiciário nacional, dos limites entre a responsabilidade da educação familiar e o livre arbítrio, da busca desenfreada pela fama e da dificuldade de um jovem se posicionar no meio de tudo isso. Mas, essencialmente, VIPs é um filme que te diverte ao fazer refletir sobre tudo isso. Mérito da direção de Toniko Melo e dos roteiristas Bráulio Mantovani e Thiago Dottori.
Altamente recomendável, esse não é um filme perfeito, mas salvou o meu dia do tédio total. Certamente o assistirei de novo.
Deixo vocês com o trailer de VIPs e a idéia de uma campanha para juntar Selton Mello e Wagner Moura, um bom jovem diretor e um roteiro muito doido. Aí sim, aumentam as probalidades DO filme perfeito.


E só de pensar que o Aumary Jr. foi enrolado categoricamente
já me dá vontade de rir!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Realengo, onde os repórteres não tem vez.

São 11:42... Há uma hora e meia soube dos acontecidos em Realengo, bairro da zona Oeste do Rio de Janeiro. Desde então estou acompanhando os fatos alternando os canais numa tentativa de obter informações diversas. Contudo, a ignorância parece reinar na TV brasileira. É claro que sei que não se pode esperar uma cobertura adequada no calor dos acontecimentos, mas não aceito também que se fale qualquer coisa só para ocupar espaço.
Nunca pensei que diria isso, mas nessas horas acho que preferiria ouvir o Datena e o Mister Escraaaaaacha. Porque estes, embora sensacionalistas, ao menos parecem ter certo conhecimento de áreas "problemáticas" nas principais capitais brasileiras. E estariam bradando por segurança ao invés de repetirem que isso é um caso isolado.
"Uma única ação isolada não move a necessidade de instalar um novo sistema de segurança que mobilize todas as escolas." Disse o, até então muito sábio, Rodrigo Pimentel. UM ÚNICO CASO ISOLADO??? Em que planeta esses repórteres e comentaristas vivem? Certamente no planeta Manoel Carlos... com suas novelas no Leblon, levando seus filhos para o Santo Inácio, São Bento ou Escola Anglo Americana!
Quem destes já desceu do pedestal e descobriu que além do seu umbigo existe pobreza, fome, loucura e uma infinidade de problemas que não dizem respeito a qual sapato combina com meu Dior ou minha maquiagem está boa; poderia apontar rápido alguns casos de atos de violência dentro de escolas do Rio de Janeiro. Seja contra alunos, seja contra funcionários. Seja dentro da escola, seja vindo de fora dela.
O fato é que alunos e funcionários não estão de forma alguma seguros dentro das escolas do Rio e, creio eu, de nenhum lugar do nosso país.
"Há um sistema de detecção para saber quem entra armado nas escolas?" Eu ouvi isso??? É risível! Será ingenuidade ou falta do que falar? Não há sistema nem para saber quem entra e quem sai de uma escola! Se você se apresenta com educação e fala qualquer coisa, você pode entrar. Se você entra bêbado empurrando todo mundo, você pode entrar. Se você entra escondido, só vão saber se te virem passeando dentro da escola.
Não há ninguém treinado ou cargo específico. Os porteiros nunca passaram por um curso e, diante da falta de funcionários, muitas vezes são realocados para outras funções. Os portões ficam entregues. Entra e/ou sai, quem quiser!
E aqueles que trabalham em uma escola só contam consigo mesmo e sua fé para conseguir sobreviver dia após dia. Viciados, criminosos, bêbados, psicóticos, passam todos os dias por todas as escolas. Mas somente os repórteres não sabem disso. Por quê??? Porque ninguém nunca ouve os professores, porque todos acham que eles só sabem reclamar de barriga e bolsos cheios. Porque a excelentíssima Secretária de Educação está em Washington. Porque o SEPE só aparece na época da Database. Porque os próprios professores não se mobilizam, não se revoltam, não se unem!
Mas e agora, que crianças inocentes foram mortas? Será que agora vão dar atenção aos nossos medos e anseios? Será que agora vão ouvir funcionários e professores que já se sentiram ameaçados e coagidos? E aqueles que já foram agredidos física ou verbalmente? Que tiveram que lidar com esses maníacos em potencial, armados ou não? Será? Eu, particularmente, não acredito. Não sou pessimista, mas essa NÃO é a primeira vez, como insistem os repórteres. Não é! Alunos entram armados em escolas! Um aluno já deu um tiro em uma escola na Urca. Na Urca!!! Bairro nobre da Zona Sul. Vocês conseguem imaginar o que ocorre na Zona Oeste? Na Baixada Fluminense? Eu consigo...
Esse não é um crime “americano” como querem nos vender. Não acreditem nisso!!! Chacinas são nossas, sim! Basta abrir o jornal e ler quantos são exterminados só no nosso estado!!! Não preciso nem me voltar ao passado e citar casos notórios como Candelária...
Parabéns, Secretária de Educação que está em Washington, eles precisam mais da senhora aí. Continue ouvindo professores e funcionários das escolas. Parabéns à TV, porque vocês conseguem tornar a tragédia maior ao não darem o devido tratamento, ao transformarem isso em um espetáculo e ao não mobilizarem ninguém no sentido de mudança, mas apenas fazerem os crédulos aceitarem o "caso isolado".
Vergonha desse país, vergonha dessa cidade, medo das pessoas que se escondem no seu mundinho e nem se esforçam para saber o que se passa ao seu redor. Sinto revolta e me sinto derrotada. Porque tudo continuará como sempre... mais uma vez, na Cidade Maravilhosa.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que Lola quer, Lola consegue

Você viu Moulin Rouge? Esqueça!
Gostou de Cisne Negro? Brincadeira de criança...
Agora a conversa é séria.
Você está diante de Lola Montès e ela só faz o que quer.


 De tempos em tempos somos confrontados com verdadeiras forças da natureza. Pessoas que não seguem regras, divertem-se, na verdade, em ignorá-las; que fazem o que lhe vem a cabeça; que dizem o que sentem e pensam; que quebram tabus; e, consequentemente, semeiam amor e ódio; admiração e repulsa por onde passam.
Há uma semana tomei conhecimento dessa mulher, nascida Eliza Rosanna Gilbert, em alguma data entre 23 de junho de 1818 e 17 de fevereiro de 1821. Mais conhecida pelo seu nome artístico, Lola Montès, era irlandesa, mas se apresentava como dançarina exótica espanhola. Conseguiu encantar homens influentes na aristocracia e no meio artístico europeu. E protagonizou escândalos notórios em sua época. Obviamente, ela é mais lembrada por isso e não por sua dança.
 Eu, que particularmente, sempre admirei pessoas como Lola, talvez por não lidar bem com normas e convenções impostas por sistemas e autoridades caducas ou, simplesmente, porque é divertido. Gostaria que ela fosse lembrada por sua personalidade apaixonante, completamente impulsiva e hipnótica. 

Amelia Mary Earhart, Marie Curie, Leila Diniz, Elis Regina, Lola Montès... artes, ciência, política, costumes... Será que alguma delas teve consciência do seu papel para ajudar a quebrar padrões? Elas foram mulheres, como qualquer outra mulher, com seus problemas e inseguranças. Entretanto, definitivamente, não eram mulheres comuns! Foram capazes de atrair os olhares de todos, vencer preconceitos, jogar na cara de quem quisesse (e quem não quisesse também!) suas opiniões e seu modo de vida. Despertaram paixões, no sentido original da palavra. 

Nesse ponto, não sei se estou mais encantada com o filme ou com a própria Lola. Provavelmente os dois...

Sobre a película de Max Ophüls, posso afirmar que é um deleite sensorial. As cores, os sons, a fotografia quase palpável, a câmera que te faz praticamete um voyer de Lola em sua trajetória e a restauração inacreditável que foi feita no filme, são enlouquecedores.
A história passa rapidamente pela infância de Lola, concentrando-se no período que vai de seu casamento até a abdicação de Ludwig I da Bavária, o mais poderoso de seus amantes, que a tornou Condessa de Landsfeld. Mas o que me ganhou, logo de cara, foi a opção narrativa do diretor. Ele escolhe mostrar a vida de Lola Montès por meio de um show circense. Não como os de hoje em dia, mas mais parecido com os teatros de variedades do século XIX. Com o que tinham de mais bonito e mais bizarro. Nada diferente da própria protagonista.
Assim, alternam-se o circo, com flashes da vida da dançarina. Muita coisa real, um pouco de ficção... E, o mais interessante, os momentos de maior angústia e sofrimento são sentidos no circo, no ambiente "ficcional", quando Lola aparece exposta, ao sabor da platéia, doente, persistente, frágil, resignada, adorável...
Considero acertadíssima também, a opção de não chafurdar na decadência da mulher por trás da artista, nem em explorar seus últimos dias; deixando-nos a imagem de quem, num mundo masculino, conseguiu sobreviver por si, muito tempo sem marido, sendo dançarina exótica e escolhendo seus amantes. Como bem dito no filme "ela fazia tudo aquilo que qualquer mulher gostaria de fazer e não tinha coragem". E foi isso o que Ophüls conseguiu gravar para sempre de forma magistral.

Por fim, o que me deixou mais estarrecida foi ler, na introdução do filme, que este foi um estrondoso desastre de bilheteria e que, depois de tanto tempo, foi redescoberto e devolvido aos amantes das artes:


"Lançado em Paris em 23 de dezembro de 1955, 'Lola Montès', de Max Ophüls,  causou um escândalo sem precedente. Diante do fracasso comercial do filme, os produtores cortaram cenas, traduziram para o francês parte dos diálogos em alemão e remixaram o som. No final de 1956, contra a vontade de Ophüls, o filme sofreu novos cortes, sendo remontado cronologicamente.
Em 1968, o produtor Pierre Braunberger  comprou os direitos do filme e lançou uma versão próxima da original. Em 2008, graças à tecnologia digital, a Cinemateca Francesa pôde lançar  uma versão totalmente restaurada, fiel às intenções de Ophüls, com as cores, o som e o formato idealizados originalmente.''


É de escorrer uma lágrima ler isso. Imaginar que poderiam ter dilacerado, remontado e desrespeitado o diretor dessa forma. Mas os deuses do cinema deram uma resposta à altura, com essa versão belíssima da Cinemateca Francesa.
Para ver o filme, clique aqui.

domingo, 3 de abril de 2011

Amigos e brinquedos legais

Junte seus amigos, pegue os brinquedos mais legais, adicione o hit escandaloso do momento e se divirta!
Se eu fosse a Ke$ha, usaria esse vídeo como clip oficial...



Espero que meus amigos tenham entendido a mensagem...
Só para confirmar:
TAMBÉM QUERO FAZER UM VÍDEO ASSIM!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Se eu não sou quem eu penso que sou, então...

Depois de uma noite conversando enlouquecidamente com outras três pessoas completamente insanas, numa janelinha do aMSN (Sim, como tenho Linux, o meu MSN é genérico e leva esse "a" na frente.), fiz uma descoberta incrível!
Não descobri nada sobre morcegos haitianos que tomam iogurte quente feito por uma cigana na bomba do poço enquanto espera o bolo de batata com orégano assar. Não foi tão revolucionário assim... E, para quem não entendeu: SUCK MY ROBOT BALLS!
Desenvolvi essa teoria depois da conversa maluca, antes de dormir, o que me proporcionou sonhos bem estranhos... mas isso é outra conversa, coisa para os fandangueiros...
Enfim, estou relutando porque a teoria é tão complexa que precisei fazer esse desenho para explicá-la.


Ou seja, eu conheci o Isreal, daí conheci a Dani, que já conhecia o Israel. Eu conheci o Vitor, que depois conheceu o Israel e a Dani. Eu conheci o Eudes, que conheceu o Vitor e depois conheceu a Dani, que já conhece o Israel há um tempão, que descobriu que conhecia o Eudes, que já conhecia a Vanessa e o Vitor. E, para quem não entendeu: SUCK MY ROBOT BALLS, AGAIN!

Mas o problema não é só esse. A questão é que, se levarmos em consideração
a teoria dos Six Degrees, que determina que são necessários
no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer
estejam ligadas... eu não sou eu...
EU SOU KEVIN BACON!!!


Preciso de um terapeuta!